Erva mate e chimarrão

Lenda da Erva Mate
Era sempre a mesma coisa: a tribo derrubava um pedaço de mata, plantava mandioca e o milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se exauria e a tribo precisava emigrar a terra além.
Conta a lenda que um velho guerreiro carijó cansado de tais andanças e não podendo mais caçar nem guerrear devido à sua avançada idade e à doença, recusou a seguir adiante e preferiu quedar-se na tapera. A mais jovem de suas filhas a Yari ficou entre dois corações: seguir adiante, com os moços de sua tribo, ou ficar na solidão, prestando arrimo ao ancião até que a morte o levasse. Ela ficou com seu velho pai, isso entristecia muito o velho índio, pois sua filha Yari não tinha contato com outras jovens de sua idade porque ficava lhe fazendo companhia e não seguiu com a tribo.
Um dia , quando o velho estava só com a filha, apareceu um estranho guerreiro, vindo de muito longe, pedindo pousada. Dias após, o viajante que ficara amigo do velho índio contou que era um pajé enviado de Tupã e perguntou-lhe: - o que te falta, meu bom amigo? E o velho disse que gostaria de ter companheiro cheio de paciência, que nada criticasse e que o distraísse em sua velhice. Que lhe desse a força do calor que tem a amizade das mãos amigas. Só assim poderia deixar Yari em liberdade para seguir a sua vida.
O enviado de Tupã respondeu que então vou lhe dar uma planta muito verde para que você colha as folhas e seque-as ao fogo, triture-as e coloque dentro de um catuto, acrescentando água quente ou fria e beba esta infusão. "Nesta bebida nova, você achará uma companhia saudável, até mesmo nas horas tristes da solidão".
Foi assim que nasceu a bebida caá-y que os brancos mais tarde adotaram com o nome de chimarrão.
E também vou premiá-lo pela generosidade de sua acolhida, tornando imortal, sua bela e inocente filha, a quem você quer tanto. Assim a jovem carijó Yari, foi transformada na árvore da erva-mate (caá-yari), que desde então existe e por mais que a cortem, sua folhagem volta a brotar e a florir sempre mais vigorosa, permanecendo eternamente jovem.
Depois disso o misterioso pajé foi embora.  Caá-Yari tornou-se a deusa dos ervais protegendo suas selvas, favorecendo os ervateiros, abreviando seus caminhos, diminuindo-lhes o peso dos feixes e mitigando-lhes a árdua e cansativa jornada de trabalho nos ervais.
                                                                                                                                       (Lenda indígena)